CARTA # 46

Feliz, 14 de novembro de 1912

Meu caro Rudi.

Recebemos a tua carta e ficamos todos admirados que o nosso querido Rudi já sabe escrever uma carta tão bonita. Alegramo-nos que em tão pouco tempo tu tenhas feito tão grandes progressos em tua escola. Continue assim aplicado, então, tu também serás um doutor, terás o teu automóvel e irás curar os doentes. Quando o querido Werner (1.3) também for tão grande como tu e, então, terás um companheiro de escola e ambos serão estudantes. Quando a tia Maria (7) esteve aqui com as crianças dos Ullmanns, o vovô desejou que Rudi e Werner estivessem aqui. Como estas crianças estavam contentes, elas se balançavam, andavam a cavalo e brincavam o dia todo e à noite o vovô tinha que lhes contar histórias que gostavam de ouvir. Com todas as suas brincadeiras não esqueceram de suas tarefas escolares, todas as manhãs elas liam, faziam contas e escreviam com Maria (7). Quando o vovô chegava da escola, o ensino tinha acabado, e aí se balançavam e cantavam, os cachorros latiam e as galinhas cacarejavam, porque as crianças estavam tão felizes. E até o papagaio estava contente, assoviava e encantava as crianças fazendo-as rir. Não é mesmo, meu caro Rudi, terias gostado de estar junto.

Grande alegria as crianças tinham com os coelhos e os porquinhos da índia, aos quais, traziam muita forragem e observavam como os animaizinhos devoravam o seu pasto.

As crianças do doutor e do professor vinham seguido até nós e aí se brincava para valer. Finalmente, depois de estarem aqui três semanas, veio uma linda carruagem de São Sebastião puxada por 4 bonitas mulas, tia Maria (7) e as crianças tomaram assento, gritaram mais uma vez “Adeus” e daí se foram. Em São Sebastião todos embarcaram no vapor que os levou à Porto Alegre, onde papai e mamãe se alegraram com a volta dos filhos.

Em nossa casa tudo ficou bem quieto de novo, os cachorros procuravam em vão seus amiguinhos, o papagaio chamava, mas eles haviam partido, razão pela qual os cachorros e o papagaio estavam muito tristes. Grande prazer as crianças tinham com o terneirinho na estrebaria, para onde iam muito seguido e o acariciavam.

Acabei de contar ao querido Rudi muita coisa bacana, porque ele escreveu uma carta tão bonita ao vovô. A tia Johanna (5), Frida (7), Fritz e a pequena Frieda (irmãos Hellwig, órfãos criados pelos bisavós) saúdam cordialmente Rudi, Werner, papai, mamãe e as duas cozinheiras.

Hoje eu não posso enviar muitos selos ao querido Rudi, mas eu vou colecionar diligentemente e daí mandar mais.

E agora eu tenho que terminar. Amanhã eu cavalgo para Tabaksthal, onde eu vou dar aula, cantar e contar belas histórias para muitas crianças.

Agora eu finalizo desejando que a minha carta encontre o querido Rudi e Werner felizes e com saúde.

Saúda e beija-os vosso vovô

E. Falk