CARTA # 22

Conventos, 4 de agosto de 1895

Querido irmão Fritz!

Há algum tempo escrevi à tua filha Emma e espero que ela tenha recebido a carta, pois, nela eu expliquei com muitos detalhes os horrores da revolução e guerra e da qual fomos poupados, vivendo imperturbáveis, com a ajuda do Senhor.

De certo estás curioso porque já estou escrevendo de novo e eu tenho de confessar que não é fácil, mas o dever e amor maternal me forçam a fazê-lo. Vou incluir a carta que Fritz nos escreveu e minha razão é óbvia. Nos prometeram 400 marcos de Barmen, mas nada chegou até agora e meu esposo lhes escreveu de novo, mas o tempo está passando e assim decidi escrever-te e pedir emprestados 600 marcos para Fritz e eu sei que no que ele se formar, vai restituir tudo, mas agora seria de maior necessidade para ele e nós. Os 100 marcos que mandaste como presente já lhe foram enviados e ele vai agradecer na próxima carta.

Estamos sempre com a esperança que a inflação vá acabar, mas não parece possível enquanto continuar a guerra. Agora todos estão antecipando a paz, pois, o velho presidente morreu, mas quem sabe se isto vai ocorrer. De momento declararam um cessar-fogo.

Como estão os teus queridos? Já faz um ano que tivemos notícias tuas. Tiveram um bom verão? Com boa colheita? Sim, agora devem estar fazendo a colheita e lhes desejamos bênçãos e abundância. Não estamos acostumados com a mudança das estações, agora estamos no inverno, e que inverno ameno! Faz muito tempo que não tivemos um inverno tão agradável, raramente chove e muitos poços estão secando.

Recentemente estive em Porto Alegre visitando os Pohlmann, uma irmã de Karl Schäfer. Ela acabava de dar a luz ao seu terceiro filho e queria que estivesse a seu lado como sua mãe e como tenho duas filhas crescidas em casa, não foi problema deixá-las por alguns dias. Nosso Ernst também está aí trabalhando numa oficina mecânica . Nós preferiríamos que deixasse este emprego, mas ele gosta e tem trabalhado nesta oficina desde o princípio.

Nosso Hans é um bom estudante e teria gostado de cursar a universidade, mas não temos os recursos e não existem muitas matérias para estudar, comerciante é melhor e a pessoa pode prosperar, pois, sempre cobram muito. O nosso Eduard está ocupado com a construção de moinhos, ele é grande e forte e teria sido uma boa contratação para tua cervejaria; aqui a cerveja é horrível e desconfio que o que atiras fora deve ter gosto melhor. Raramente bebemos cerveja e vinho, só café e água. Tu não poderias fazer isto, não é?

Minhas crianças perguntam muitas vezes se é verdade que lá bebem cerveja todos os dias. Em compensação nós temos a vantagem de comer com fartura a grande variedade de frutas, especialmente, as laranjas que nos espiam nesta linda cor laranja entre a folhagem verde e as flores cheirosas. Os nossos filhos adoram ficar sentados no alto de uma árvore, enchendo o estômago até quase estourar. Nós fazíamos isto com as maçãs em Mühlhausen, tu e eu, te lembras? E o meu pequeno Willi me respondeu hoje, quando preveni que estava comendo demais: Mas Mamãe, eu só comi 16! Claro que só gostam do suco, não há tanta polpa como nas maçãs.

Por favor, não demores em responder. Como está tua saúde? Muitas lembranças de meu esposo e filhos.

Com carinho, tua irmã,

Johanna Falk.

Não manda o dinheiro a Barmen, mas diretamente ao Rio, por meio do banco. O Sr. Pohlmann vai mandar-te o endereço certo, vou pedir-lhe que te escreva.