Ferraz, 28 de janeiro de 1885
Querido irmão Fritz!Algumas semanas passaram desde que recebemos carta de nossa irmã Bachmann, a qual, nos tem escrito de vez em quando com notícias de tua família. Eu deveria responder a ela e não a ti, pois, nos deves uma carta, mas penso muito em ti e na triste situação, na tua solidão e teu sofrimento. Nestes últimos 8 dias a tua tragédia também se repetiu aqui, vivamente, pois, em 8 dias sofremos a maior alegria e a maior tristeza. Um viúvo consternado e sofrendo a dor da separação está perambulando pela casa em busca de sua Luisa. A querida Luisa já não está mais no nosso meio, tendo falecido domingo passado, dia 25, às 11:30 da noite, seis dias depois de um parto difícil. Os desejos do Senhor são tão maravilhosos e profundos. O pobre jovem viajou toda esta distância ao Brasil para oferecer uma moradia à sua querida esposa. Eles teriam chegado aí, mas não os deixamos viajar, pois, estava muito perto o tempo de dar à luz. No dia 19 de janeiro nasceu uma pequena menina, depois de um parto prolongado e difícil. Primeiro parecia que ela nasceu morta, mas depois de muito esforço conseguimos que respirasse, mas no segundo dia ela morreu, para a grande tristeza dos pais. Luisa estava convalescendo muito bem com um bom apetite e se sentindo bem. Mas no sábado se queixou de um “calor seco”. Foi-nos possível dar-lhe medicamentos e ela só queria dormir. Quando fui vê-la no domingo de manhã ela disse que não tinha dormido e que sentia muito frio nos pés. Esfregamos os pés com flanela, cobertas aquecidas e mais remédios, mas a febre era tão alta que a sufocava e sem uma gota de suor. Ela disse logo: “Não se alarmem, eu sei que vou morrer”. A minha mãe morreu assim e ela e meu pai vieram buscar-me e levar-me junto à minha filhinha”. Ela estava calma e resignada e confortando ao marido, pedindo-lhe que voltasse à Alemanha e à sua mãe. A sua voz estava mudada e ela faleceu tranquilamente com um coração forte até o fim.
Amávamos Luisa e desfrutamos sua visita aqui com o marido. Era o dia 3 de outubro quando nos surpreenderam com sua chegada. Não sabíamos que vinham e só um dia antes recebemos uma mensagem de Santa Cruz pedindo que meu esposo mandasse a carruagem. A nossa felicidade foi enorme em poder dar as boas-vindas a alguém da família outra vez. Com muita emoção ouvimos as notícias de Papai e do pequeno Fritz e como se davam bem e também de tua filha Emma que parece ser maior ou mais forte que nossa Johanna, com a qual sempre a comparávamos. A querida Luisa tinha uma personalidade muito jovial, sempre falando só coisas boas de todos, contando só o melhor. Ela estava muito feliz em seu matrimônio e sempre o repetiu, mesmo moribunda, o quanto gostava de seu Karl. Ela antecipava com alegria poder mudar-se para sua própria casa, mas agora ela está na melhor morada, uma da qual nunca precisará sair. Temos tanta pena de Karl. Ao menos tu tens as duas crianças que compartilham tua vida e tua afeição, mas ele não tem ninguém e deve voltar à Alemanha, fazer a longa viagem outra vez e começar lá de novo. Tudo isto lhe causa muita preocupação. Nós não podemos aconselhar que fique por aqui, pois o que iria fazer sozinho? O pior são as despesas, só a viagem custa 1500 M, e eles recém tinham partido de lá. Nós somos da opinião que Emma também teria morrido lá. Naturalmente os médicos de lá lhe dirão que se tivessem ficado isto não teria acontecido.
Decidiste agora mandar Emma à Kornthal? Lá nenhum padre católico te poderá aconselhar e o mais importante é que ela receba uma boa educação e quando ela fizer 14 anos poderá decidir por si mesma. Se ela ficar em Kornthal até lá, saberás que ela escolherá o que quer. Nós também fomos a uma escola católica em St. Veit, Marie e eu, e ninguém nos impediu. Bom, isto é tudo por hoje. Lembranças às queridas crianças de todos nós, especialmente a ti um abraço de
tua irmã
Johanna.
A familia Rommel causou muita mágoa e sofrimento a Luisa; como reagirão agora sabendo que faleceu?
Lembranças à irmã Bachmann e vou escrever em breve. Uma irmã de Karl também tem uma filha em Kornthal, onde eu estive. Ela foi mandada quando ainda bem menina, pois, tinha um padrasto e está recebendo uma ótima educação, o que devemos dizer a Otto.
Número
CARTA # 01
Local
Petrópolis
Santo Ângelo
Santo Ângelo
Santo Ângelo
Santo Ângelo
Santa Cruz
Santa Cruz
Santa Cruz
Ferraz
Ferraz
Ferraz
Ferraz
Ferraz
Ferraz
Vila Teresa
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Conventos
Dois Irmãos
Conventos
Feliz
Feliz
Feliz
São Leopoldo
Santa Cruz
Santa Cruz
Santa Cruz
Conventos
Conventos
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Data
04/01/1871
02/03/1871
28/03/1871
25/06/1871
29/08/1871
07/07/1874
09/10/1875
07/05/1877
10/09/1877
16/06/1878
20/07/1880
06/06/1881
06/08/1881
12/08/1881
28/01/1885
05/12/1886
25/01/1891
10/09/1891
25/09/1892
24/08/1894
23/09/1894
06/01/1895
04/08/1895
01/12/1895
28/11/1896
08/08/1897
18/01/1898
26/12/1898
07/05/1899
08/07/1900
05/05/1901
10/11/1906
10/10/1871
06/05/1872
21/03/1875
21/06/1896
10/10/1898
28/12/1898
11/01/1903
27/06/1903
13/11/1903
25/02/1906
27/05/1906
15/07/1906
19/07/1906
14/11/1912
10/07/1917
Remetente
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna e Eduard F.
Johanna F.F
Johanna e Eduard F.
Johanna e Eduard F.
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Heinrich Eduard F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna e Eduard F.
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Johanna F.F
Heinrich Eduard F
Heinrich Eduard F
Destinatário
Irmã Marie
Pais
Cunhada Tereza
Sobrinha Emma
Irmão Fritz
Irmão Fritz
Sobrinha Emma
Sobrinha Emma
Sobrinha Emma
Sobrinha Emma
Sobrinha Emma
Pastor Hunsche
Madame Abel
Frederico
Futura Nora
Neto Rudi
Frederico